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03/02/2009

EDUCAR: INTER-VIR SEM INTER-FERIR

MARLENE FAGUNDES CARVALHO GONÇALVES


Cumpre ao ser humano que se quer pleno ‘bater às portas’ dos seus semelhantes; porém, pouco valerá ter alguém batendo do lado de fora, se não tiver alguém querendo abrir pelo lado de dentro. (Morais, 2002, p.123)¹

No trabalho de educar, estamos sempre no limite de situações opostas.
Muitas vezes nos perguntamos até onde vai nosso papel, se é a nós mesmos que cabem certas atitudes ou não, na relação com os educandos.
O professor Regis de Morais, em seu livro Espiritualidade e Educação, aponta que

“educar é intervir em vidas.
O educador e o educador-professor não podem negligenciar isto, pondo-se perifericamente no contexto educacional; alguns pais e professores quase como a pedir desculpas por existirem, como se vexados por sua interferência nos educandos.” (p. 121)¹

Isso nos alerta para a importância do educador como alguém que possibilita o despertar, e a própria construção do educando enquanto ser pensante e sensível. Quantas vidas modificam-se diante de uma intervenção no momento certo de um professor atento e perspicaz…
Recordo-me de um colega professor, que ao pegar um aluno em flagrante tentando desmontar um computador na escola, teve uma rápida reação, dizendo a ele:
— Ah, você está consertando?
Posso te ajudar?
E sentando-se com ele, permitiu que um novo campo de possibilidades se abrisse, transformando aquele menino - tido até então como delinqüente -, em alguém capaz de realizar algo por si mesmo, sentindo-se importante.
No final da história este professor foi até convidado para ser padrinho de casamento do menino, transformado em homem com novos valores e capacidades.
Claro que aquele não foi o único ato responsável pela transformação, mas com certeza, foram pequenos atos deste tipo que propiciaram tal transformação.

Da mesma forma que um olhar, uma palavra pode ter um efeito tão forte para uma pessoa, no sentido de construção, pode também causar alguns “ferimentos”.
Daí a diferença entre inter-vir e inter-ferir, apontada por Fernández (1990)².

Morais (2002) também alerta para essa diferença:

“(…) Só que não podemos, nós educadores, é confundir intervenção com invasão; intervém aquele que se propõe e é aceito, e invade o que se impõe por autoritarismos, desrespeitando o espaço emocional dos educandos” (p. 122) ¹.

Por isso a frase citada acima, do “bater à porta do semelhante” assume importância tão grande.

“Cumpre ao educador bater sempre e de boa mente nas portas dos educandos; mas, a ele não cabe arrombar a porta na qual bate.
No entanto, ao ser recebido pelo que deve abrir pelo lado de dentro, acontece a graça da plenitude do encontro humano; e a verdadeira educação se fundamenta neste encontro, ela é caracterizada pela relação dialógica” (p. 123) ¹.

Relação essa na qual predomina a troca, o diálogo, o respeito. Fernández (1990) afirma que “não aprendemos de qualquer um, aprendemos daquele a quem outorgamos confiança e direito de ensinar” (p. 52)².
Para este o educando abre as portas.

Enfim, o educador, na sociedade, é aquele que tem seu papel mais em destaque quando se fala em educação de seus membros.
Então precisa estar preparado, também, para perceber quando “as portas se abrem”, de forma a poder atuar, fazendo sua parte que, por menor que pareça, pode mudar o rumo da história de vida de seus educandos.

Referências Bibliográficas:
¹ MORAIS, Regis. Espiritualidade e Educação. Campinas, SP: ² FERNÁNDEZ, Alicia. A Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

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