Quando crianças, eu e meu irmão Tadeu (meu querido "Tá") ao sairmos da escola, costumávamos percorrer o mesmo caminho até em casa.
Primeiro cortávamos a praça e depois descíamos até o lago municipal, cerca de 3 quilômetros.
Existe ainda no lago municipal os pedalinhos, pequenos barcos movidos por pedais que acionam as pás para se movimentar.
Passar pelo lago para mim era sempre um encanto, apesar da fome e do cansaço.
Para o meu irmão era um objetivo, tínhamos que passar todos os dias lá porque na beira do barranco, após os pedalinhos, dentro da água havia uma toca onde morava um peixe bem grande, ela já tinha visto.
Todo dia, mei irmão ia bem devagar, aproximava-se da toca e rapidamente enfiava a mão para pegar o peixe, mas sempre ele escapava.
Ele era maior que suas mãos.
E meu mano dizia, não tem importância, amanhã eu volto.
E assim, se passou muito tempo, até que um dia, usando de uma forma diferente de colocar a mão e com minha ajuda , mesmo eu estando com muito medo, ele agarrou o peixe.
Não era mais nada que uma enorme traíra, um peixe liso, voraz, com dentes enormes e finos como lâminas cortantes.
Fomos para casa triunfantes, eu acho que eu estava muito mais do que ele.
Cresci o admirando, meu irmão, o meu herói.
A sua perseverança estava recompensada.
No meio do caminho, encontramos várias pessoas que queriam ver o peixe, e numa dessas o peixe se debateu, e como era liso, ia caindo de sua mão, e ele na tentativa de segurar, foi mordido pela traíra.
O peixe mordeu o lado de sua mão e não soltou mais.
Fixou seus dentes e não abria a boca.
Eu não sabia se chorava, se gritava por socorro, desesperado não sabia o que fazer, e meu irmão passando dor, estava impassível.
Me acalmou dizendo que quando chegássemos em casa ele daria um jeito.
Em nenhum momento ele expressou dor ou arrependimento de ter pego o peixe.
Eu, era só lamento.
Um rapaz conhecido nosso, um pouco mais velho, passava pela avenida e se aproximou de nós, viu a situação de meu irmão e se ofereceu para tirar o peixe pendurado com os dentes fincados na sua mão .
Mas em troca queria o peixe para ele.
Meu irmão não aceitou.
Com a mão escorrendo sangue, sentindo dor pela mão cortada, ele disse que não.
Com lágrimas nos olhos por ver meu irmão sofrer, eu insisti para que desse o peixe para ele, o rapaz insistiu, mas o meu irmão se negou a dá-lo.
Hoje percebo que naquele momento que a insistência de todos os dias, a perseverança e o desejo de pegar aquele peixe, era maior que toda a sua dor.
O rapaz, vendo que não conseguiria o peixe, talvez com dó, mais de mim, que propriamente de meu irmão, vendo o meu desespero, pois tudo o que ferisse o meu irmão, feria muito mais a mim, colocou um pauzinho na guelra do peixe e ele se soltou.
O rapaz, insistiu mais um pouco para levar o peixe, mas não teve jeito.
Aquele não era mais um peixe, era o seu troféu, de perseverança, paciência de todo o dia, metodicamente realizar os mesmos movimentos, para depois mudar a forma, até alcançar o êxito.
Há noite saboreamos o peixe, ele de mão enfaixada, mereceu o melhor pedaço.
Depois de adultos, ele sempre continuou pescador, eu as vezes o acompanhei, ficávamos horas e horas sentados no barranco, muitas vezes sem pegar nenhum peixe.
Primeiro cortávamos a praça e depois descíamos até o lago municipal, cerca de 3 quilômetros.
Existe ainda no lago municipal os pedalinhos, pequenos barcos movidos por pedais que acionam as pás para se movimentar.
Passar pelo lago para mim era sempre um encanto, apesar da fome e do cansaço.
Para o meu irmão era um objetivo, tínhamos que passar todos os dias lá porque na beira do barranco, após os pedalinhos, dentro da água havia uma toca onde morava um peixe bem grande, ela já tinha visto.
Todo dia, mei irmão ia bem devagar, aproximava-se da toca e rapidamente enfiava a mão para pegar o peixe, mas sempre ele escapava.
Ele era maior que suas mãos.
E meu mano dizia, não tem importância, amanhã eu volto.
E assim, se passou muito tempo, até que um dia, usando de uma forma diferente de colocar a mão e com minha ajuda , mesmo eu estando com muito medo, ele agarrou o peixe.
Não era mais nada que uma enorme traíra, um peixe liso, voraz, com dentes enormes e finos como lâminas cortantes.
Fomos para casa triunfantes, eu acho que eu estava muito mais do que ele.
Cresci o admirando, meu irmão, o meu herói.
A sua perseverança estava recompensada.
No meio do caminho, encontramos várias pessoas que queriam ver o peixe, e numa dessas o peixe se debateu, e como era liso, ia caindo de sua mão, e ele na tentativa de segurar, foi mordido pela traíra.
O peixe mordeu o lado de sua mão e não soltou mais.
Fixou seus dentes e não abria a boca.
Eu não sabia se chorava, se gritava por socorro, desesperado não sabia o que fazer, e meu irmão passando dor, estava impassível.
Me acalmou dizendo que quando chegássemos em casa ele daria um jeito.
Em nenhum momento ele expressou dor ou arrependimento de ter pego o peixe.
Eu, era só lamento.
Um rapaz conhecido nosso, um pouco mais velho, passava pela avenida e se aproximou de nós, viu a situação de meu irmão e se ofereceu para tirar o peixe pendurado com os dentes fincados na sua mão .
Mas em troca queria o peixe para ele.
Meu irmão não aceitou.
Com a mão escorrendo sangue, sentindo dor pela mão cortada, ele disse que não.
Com lágrimas nos olhos por ver meu irmão sofrer, eu insisti para que desse o peixe para ele, o rapaz insistiu, mas o meu irmão se negou a dá-lo.
Hoje percebo que naquele momento que a insistência de todos os dias, a perseverança e o desejo de pegar aquele peixe, era maior que toda a sua dor.
O rapaz, vendo que não conseguiria o peixe, talvez com dó, mais de mim, que propriamente de meu irmão, vendo o meu desespero, pois tudo o que ferisse o meu irmão, feria muito mais a mim, colocou um pauzinho na guelra do peixe e ele se soltou.
O rapaz, insistiu mais um pouco para levar o peixe, mas não teve jeito.
Aquele não era mais um peixe, era o seu troféu, de perseverança, paciência de todo o dia, metodicamente realizar os mesmos movimentos, para depois mudar a forma, até alcançar o êxito.
Há noite saboreamos o peixe, ele de mão enfaixada, mereceu o melhor pedaço.
Depois de adultos, ele sempre continuou pescador, eu as vezes o acompanhei, ficávamos horas e horas sentados no barranco, muitas vezes sem pegar nenhum peixe.
Eu não me cansava de observá-lo, pois meu irmão ficava lá, olhando as pontas das varas, como se a qualquer momento, viesse um peixe buscar a sua isca.
Ele nunca desistiu.
A ultima vez que fomos pescar, o câncer já o maltratava, estava com dores, sua visão estava prejudica.
Fomos pescar num dia péssimo, tinha chovido de madrugada, o amanhecer estava com o céu todo nublado, nesta penumbra ele não via nem onde o carro estava, guiei ele pelo braço, pegando seus apetrechos que ele arrumava sempre com o maior carinho.
Nesse dia foi a primeira vez que ele não foi o ultimo a se sentar no barranco, porque todas as outras vezes, ele só começava a pescar depois que eu estava acomodado.
Só depois que seu irmãozinho mais novo de 40 e tantos anos se acomodava que ele começava a pescar.
Quando amanheceu o dia ele já conseguia enxergar melhor, sentamos próximos ao lago de pesca, fazia frio , não para mim, mas ele tremia de frio, pela sua magreza.
O dia não era bom para se pescar, dez da manhã, garoava, ventava muito, eu e meu outro irmão, já desistíamos, iríamos embora, ele...não...
Recolhe uma vara cada vez, coloca outras iscas e nos diz, “eu nunca vou embora sem um peixe”, e como se a história se repetisse, onde não havia a probabilidade de um peixe ir até uma isca num dia tão frio.
Meu irmão tremia muito, quase não conseguia colocar a isca no anzol, acaba fisgando , agora uma patinga.
Um peixe voraz como uma traíra, só que agora tínhamos um passaguá para retirar o peixe e ele não precisou colocar a mão.
De novo o troféu pela sua persistência...
A nossa alegria...
O meu exulta mento, meu herói vencera com sua perseverança...
Não deu mais para pescarmos juntos. Nunca mais quis pescar...
Não era a pesca que me alegrava, sempre foi o meu irmão...
O câncer tirava a sua vida, mas pergunto, será que ele o venceu ?
De novo, com lágrimas nos olhos, pedi Àquele que é só amor e bondade que tirasse a sua dor, e ciente de Sua Bondade Infinita, sabia que era preciso que para isso, Ele tambem levasse o peixe e até meu irmão...agora eu também concordava.
Deus nos ouviu.
Quando me lembro de toda a sua garra, de sua disciplina de sua perseverança em viver, percebo que dessa vez, “o peixe” era apenas maior que suas mãos...
Era preciso a vontade de Nosso Pai Misericordioso para tirar as suas dores...
E ele se foi...encontrar outros rios...
Ele nunca desistiu.
A ultima vez que fomos pescar, o câncer já o maltratava, estava com dores, sua visão estava prejudica.
Fomos pescar num dia péssimo, tinha chovido de madrugada, o amanhecer estava com o céu todo nublado, nesta penumbra ele não via nem onde o carro estava, guiei ele pelo braço, pegando seus apetrechos que ele arrumava sempre com o maior carinho.
Nesse dia foi a primeira vez que ele não foi o ultimo a se sentar no barranco, porque todas as outras vezes, ele só começava a pescar depois que eu estava acomodado.
Só depois que seu irmãozinho mais novo de 40 e tantos anos se acomodava que ele começava a pescar.
Quando amanheceu o dia ele já conseguia enxergar melhor, sentamos próximos ao lago de pesca, fazia frio , não para mim, mas ele tremia de frio, pela sua magreza.
O dia não era bom para se pescar, dez da manhã, garoava, ventava muito, eu e meu outro irmão, já desistíamos, iríamos embora, ele...não...
Recolhe uma vara cada vez, coloca outras iscas e nos diz, “eu nunca vou embora sem um peixe”, e como se a história se repetisse, onde não havia a probabilidade de um peixe ir até uma isca num dia tão frio.
Meu irmão tremia muito, quase não conseguia colocar a isca no anzol, acaba fisgando , agora uma patinga.
Um peixe voraz como uma traíra, só que agora tínhamos um passaguá para retirar o peixe e ele não precisou colocar a mão.
De novo o troféu pela sua persistência...
A nossa alegria...
O meu exulta mento, meu herói vencera com sua perseverança...
Não deu mais para pescarmos juntos. Nunca mais quis pescar...
Não era a pesca que me alegrava, sempre foi o meu irmão...
O câncer tirava a sua vida, mas pergunto, será que ele o venceu ?
De novo, com lágrimas nos olhos, pedi Àquele que é só amor e bondade que tirasse a sua dor, e ciente de Sua Bondade Infinita, sabia que era preciso que para isso, Ele tambem levasse o peixe e até meu irmão...agora eu também concordava.
Deus nos ouviu.
Quando me lembro de toda a sua garra, de sua disciplina de sua perseverança em viver, percebo que dessa vez, “o peixe” era apenas maior que suas mãos...
Era preciso a vontade de Nosso Pai Misericordioso para tirar as suas dores...
E ele se foi...encontrar outros rios...
Guarde um lugar no barranco, maninho...
A gente ainda pesca junto denovo...
Hoje ele completaria 51 anos...
Como dizíamos um para o outro em nosso aniversário...
"Prá você também..."
Coração!
ResponderExcluirEu já ouvi você contar essa história muitas vezes, inclusive você já havia escrito sobre esse acontecimento logo depois que ele partiu, e a cada vez que eu ouço ou como agora que eu li eu me mociono por sentir o quanto você ama o seu herói de sempre.
Amo a sua alma.
ternamente sua, Belí
Amigo, hoje é dia do curso de evangelização, estava em busca de uma história para contar para o pessoal do curso... ganhei um presente.
ResponderExcluirVocê é um grande homem,... amigo,... irmão.
Parabéns pelo seu site.
André e família