Alma serena e casta que eu persigo
Com meu sonho de amor e de pecado,
Abençoado seja, abençoado
O rigor que te salva e é meu castigo.
Assim desvies sempre do meu lado
Os teus olhos; nem ouças o que eu digo;
E assim possa morrer, morrer contigo,
Este amor criminoso e condenado.
Sê sempre pura! Eu com denodo enjeito
Um proveito obtido com teu dano,
Bem meu que teus males fosse feito.
Assim quero, assim penso, assim me engano,
Como se não soubesse que em meu peito
Pulse o covarde coração humano.
Autor: Vicente de Carvalho (1866-1924)
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