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17/02/2009

OS PAIS É QUE SÃO DE CRISTAL


Uma leitora, mãe de uma garota de nove anos, diz que a filha é tranqüila e que resolve bem a questão da convivência escolar.
Mesmo assim, a mãe não consegue deixar de se preocupar e chega a não acreditar que a menina tenha a capacidade de viver a própria vida.
Um leitor, pai de um garoto de sete anos que foi transferido da escola, diz que o filho é tímido e que, até agora, brinca sozinho no recreio porque ainda não conseguiu se aproximar de nenhum colega.
Esse pai está tão preocupado que chegou a pensar em fazer uma reunião em casas e chamar os colegas para ajudar o filho a se relacionar.
O que esses pais têm em comum com tantos outros que, em situações diferentes, também sentem esse “aperto no coração” - expressão de uma leitora - quando se dão conta de que os filhos têm de caminhar com suas próprias pernas?
A melhor resposta vem de uma leitora, que reagiu ao tema da semana passada. Disse ela: “As crianças não são de cristal, mas as mães são”. E os pais também, acrescentou eu. Isso vale uma boa conversa.
Ser mãe e ser pai não é nada fácil.
Os filhos nascem num mundo que apresenta muitos aspectos novos em relação àquele em que os pais nasceram, e isso demanda uma série de novas atitudes dos adultos, um novo tipo de relacionamento com as crianças e com os jovens e o enfrentamento de situações muito diferentes.
As referências educativas mudam mesmo no mesmo ritmo que o mundo e deixam de ser compartilhadas por todos.
Hoje, cada mãe precisa escolher que caminho tomar e arcar, em geral sozinho, com suas decisões.
Além disso, nossa cultura parece ter colocado nas mãos dos pais – e só deles – toda a responsabilidade pela vida presente e futura dos filhos. As possibilidades de êxito profissional e social, a felicidade, a realização pessoal e muito mais são questões que recaem com todo peso sobre os ombros deles.
A boa produção escolar do filho, a vida social que ele tem ou deveria ter, o desenvolvimento físico e afetivo e a iniciação sexual acabam também por fazer parte das preocupações dos pais.
Ora, no que isso resulta?
Uma das conseqüências é que os pais têm arregaçado as mangas na tentativa de controlar a vida dos filhos.
Só assim para dar conta de tantas demandas, não é verdade?
E controlar a vida do filho significa saber tudo a respeito dela e em tudo intervir. Para o bem é claro, acreditam os pais. Será?
O fato é que, mesmo com tantas mudanças, uma coisa não mudou nem mudará nunca: os filhos precisam crescer e aprender a viver, precisam enfrentar seus desafios e experimentar – reagir a eles de diversas maneiras.
E é assim que irão errar, cometer enganos, perder o que não gostariam de perder, sofrer e se conhecer e começar a conhecer o mundo.
Para que isso ocorra, os pais têm de ter estofo.
É preciso muita garra, dedicação, disponibilidade e firmeza, entre outros atributos, para funcionar com chão firme para quem ensaia seus primeiros passos na vida. Dá para imaginar a diferença entre pisar em terra firme e em chão de cristal, não é?
Os filhos cujos pais os encorajam a viver e têm estômago para tolerar, mesmo que a duras penas, toda a sorte de experiências que o filho acumula na vida, incluindo as dolorosas e frustrantes, devem sentir que caminham por vias tortuosas, porém firmes; devem sentir-se amparados, mesmo nas quedas.
Já os filhos cujos pais se mostram frágeis perante o sofrimento de seus rebentos e que se angustiam em demasia com e por seus filhos devem sentir que pisam em terreno quebradiço e pouco resistente; devem imaginar que seu chão não é seguro o suficiente para suportar o peso de um tombo.
Para exercer a maternidade e a paternidade, principalmente no que diz respeito à função educativa, é necessário acreditar em duas coisas: que os filhos serão capazes de usar seu potencial para encontrar a melhor maneira possível para viver e que serão capazes também de superar os erros e enganos cometidos pelos pais.
Com crença, os pais não se quebrarão em pedacinhos ao final de cada dia de acompanhamento da vida dos filhos.

Texto extraído da Folha de S.Paulo.

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