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16/07/2016

TRABALHANDO COM PROJETOS




Trabalhando com Projetos Celso Antunes 


08/07/2013

PEDAGOGIA FREINET: INCLUSIVA, ATUAL E ESQUECIDA.


            Célestin Freinet nasceu em Gars, 1896, povoado na região da Provença, sul da França. Foi pastor de rebanhos antes de começar a cursar o magistério. Lutou na Primeira Guerra Mundial em 1914, quando os gases tóxicos do campo de batalha afetaram seus pulmões para o resto da vida.
Em 1920, começou a lecionar na aldeia de Bar-sur-Loup, onde colocou em prática alguns de seus principais experimentos, como a aula-passeio e o livro da vida. Em 1927, fundou a Cooperativa do Ensino Leigo, para desenvolvimento e intercâmbio de novos instrumentos pedagógicos. Em 1928, já casado com Élise Freinet (que se tornaria sua parceira e divulgadora), mudou-se para Saint-Paul de Vence, iniciando intensa atividade. Cinco anos depois, foi exonerado do cargo de professor."

Em 1935, o casal Freinet construiu uma escola própria em Vence. Durante a Segunda Guerra, o educador foi preso e adoeceu num campo de concentração alemão. Libertado depois de um ano, aderiu à resistência francesa ao nazismo.
Recobrada a paz, Freinet reorganizou a escola e a cooperativa em Vence. Em 1956, liderou a vitoriosa campanha 25 Alunos por Classe. No ano seguinte, os seguidores de Freinet fundaram a Federação Internacional dos Movimentos da Escola Moderna (Fimem), que hoje reúne educadores de cerca de 50 países. Freinet morreu em 1966; suas obras publicadas em 25 idiomas, totalizam mais de 100 edições diferentes.

 

Pedagogia Freinet

A Pedagogia Freinet é uma proposta pedagógica que tem como objetivo modernizar a escola da época, marcando assim uma nova etapa da evolução da mesma, através de uma gama de valores alicerçados no bom senso. Freinet não quer uma escola à parte, mas a própria escola pública (escola do povo), modernizada para atender, na sua essência, as necessidades do povo. Para isso ele coloca em evidência meios que revolucionaram, tanto a educação de um modo geral, quanto a escola em particular, estabelecendo uma verdadeira relação professor-aluno.
Trata-se de um movimento de reação contra tudo o que existe de tradicional na escola. A sala de aula passa a ser o lugar onde professor e alunos discutem conjuntamente, em clima de harmonia e disciplina, tanto os conhecimentos básicos da aprendizagem, como os problemas da vida cotidiana.
É uma educação que respeita o indivíduo e a diversidade e reencontra a identidade própria do ser humano através da individualidade de cada um; respeita as crianças tais quais elas são, sem submetê-las a modelos pré-estabelecidos e que as ajuda na formação de sua personalidade. É uma pedagogia real e concreta que procura oferecer às crianças e aos adolescentes uma educação condizente com as suas necessidades e mediante as práticas cotidianas.     
É uma escola do povo. Escola essa que procura responder aos anseios individuais, sociais, intelectuais, técnicos e morais da vida desse povo, numa sociedade em pleno desenvolvimento tecnológico e científico. É uma pedagogia que tem em mira formar o homem mais responsável, capaz de agir e interagir no seu meio; um homem mais apto a contribuir na transformação da sociedade. Para tanto, na sua prática educativa, tem primazia o desenvolvimento do espírito crítico, o questionamento das ideias recebidas, o espírito de curiosidade.
Os fundamentos e as linhas de ação da Pedagogia Freinet, estão centrados no "homem" a fim de elevá-lo a mais alta dignidade do seu ser e a realização plena de sua personalidade através da vivência de sua cidadania. A Pedagogia Freinet não se dá no vazio de uma ação educativa sem rumos concretos. Por essa razão ele estabelece bases de apoio que são os seus princípios.

Base de apoio da Pedagogia Freinet

1.      O principio da cooperação - permite desenvolver entre as crianças e entre estas e os professores, relações que conduzem à organização das diversas modalidades de trabalho como: conversa livre, conselho de classe, reunião cooperativa em acordo com a idade dos alunos. A reunião cooperativa é a mola mestra de todas as decisões, sejam relativas às práticas pedagógicas do ensino-aprendizagem, sejam no âmbito do desenvolvimento de atitudes e habilidades, que no seu conjunto constitui a "formação do homem".
A vida cooperativa muda às condições de trabalho de sala de aula instaurando novas estruturas de relações que priorizam as responsabilidades e as competências e dão ao trabalho o seu verdadeiro lugar pela valorização de todos os sucessos, pela multiplicação desses sucessos e pelo encaminhamento adequado dos erros que geram os fracassos.            A vida cooperativa responderá a demanda real da segurança e a da ordem. Organização cooperativa - A reunião cooperativa para a gestão do trabalho e a regulamentação dos conflitos. A divisão das responsabilidades. Elaboração das regras de vida e de trabalho.
2.      A comunicação e a expressão livre - Propicia uma aprendizagem viva e real desde que a criança tenha liberdade de expressar o seu pensamento em todas as circunstâncias que lhe são permitidas: o desenho a palavra oral e escrita, as construções etc. utilizando a expressão e comunicação através de conversa livre, textos livres, expressão corporal e artística, conferências, debates e outros.
3.      A educação do trabalho (documentação) - este enquanto atividade produtiva que auxilia a criança a construir a sua própria aprendizagem. Para tanto, o trabalho deve ser realmente livre, escolhido por ela e organizado no seu plano de trabalho tanto individual quanto coletivo. Numa educação pelo trabalho não tem sentido e nem lugar tarefas impostas que conduzem as crianças a se desobrigarem o mais cedo possível para se livrar de tal tarefa, como se fosse um fardo pesado em lugar de ser uma atividade prazerosa. Trabalho individualizado e socializado: contratos de trabalho, projetos, pesquisas, avaliação formativa, trabalho com fichas, livros e outros.
  1. O tateamento experimental - é um processo que se inscreve no "devir" global de cada criança como parte integrante da formação de sua personalidade. Não é uma técnica pedagógica tendo por objetivo a assimilação do saber, nem um simples caminhar em busca da aquisição do saber. É um ato inteligente desempenhado por um ser que busca a construção do seu conhecimento. A superioridade do "tateamento experimental" está no fato de que o homem e a criança não copiam um tateamento e sim o constroem, gerando assim a experiência. Segundo Freinet o tateamento experimental contribui para a edificação da inteligência. O tateamento experimental promove a aprendizagem graças à pesquisa nas situações verdadeiras e problemáticas.
As invariantes pedagógicas de Freinet:
  1. A criança é da mesma natureza que o adulto. Ser maior não significa necessariamente estar acima dos outros.
  2. O comportamento escolar de uma criança depende do seu estado fisiológico, orgânico e constitucional.
  3. A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.
  4. A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isto significa obedecer passivamente uma ordem externa.
  5. Ninguém gosta de fazer determinado trabalho por coerção, mesmo que, em particular, ele não o desagrade. Toda atitude imposta é paralisante.
  6. Todos gostam de escolher o seu trabalho mesmo que essa escolha não seja a mais vantajosa.
  7. Ninguém gosta de trabalhar sem objetivo, atuar como máquina, sujeitando-se a rotinas nas quais não participa.
  8. É fundamental a motivação para o trabalho.
  9. É preciso abolir a escolástica.
    1. Todos querem ser bem-sucedidos. O fracasso inibe, destrói o ânimo e o entusiasmo.
    2. Não é o jogo que é natural na criança, mas sim o trabalho.
  10. Não são a observação, a explicação e a demonstração - processos essenciais da escola - as únicas vias normais de aquisição de conhecimento, mas a experiência tateante que é uma conduta natural e universal.
  11. A memória, tão preconizada pela escola, não é válida, nem preciosa, a não ser quando está integrada no tateamento experimental, onde se encontra verdadeiramente a serviço da vida.
  12. As aquisições não são obtidas pelo estudo de regras e leis, como às vezes se crê, mas sim pela experiência. Estudar em primeiro as regras e leis é como colocar o carro na frente dos bois.
  13. A inteligência não é uma faculdade específica, que funciona como um circuito fechado, independente dos demais elementos vitais do indivíduo, como ensina a escolástica.
  14. A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e ideias.
  15. A criança não gosta de receber lições autoritárias.
  16. A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua vida.
  17. A criança e o adulto não gostam de ser controlados e receber sanções. Isso caracteriza uma ofensa à dignidade humana, sobretudo se exercida publicamente.
  18. As notas e classificações constituem sempre um erro.
  19. Fale o menos possível.
  20. A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa.
  21. A ordem e a disciplina são necessárias na aula.
  22. Os castigos são sempre um erro. São humilhantes, não conduzem ao fim desejado e não passam de paliativo. A motivação é essencial para o trabalho.
  23. A nova vida da escola supõe a cooperação escolar, isto é, a gestão da vida pelo trabalho escolar pelos que a praticam, incluindo o educador.
  24. A sobrecarga das classes constitui sempre um erro pedagógico.
  25. A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras.
  26. A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.
  27. Uma das primeiras condições da renovação da escola é o respeito à criança e, por sua vez, a criança ter respeito aos seus professores; só assim é possível educar dentro da dignidade.
  28. A reação social e política, que manifesta uma reação pedagógica, é uma oposição com o qual temos que contar, sem que se possa evitá-la ou modificá-la.
  29. É preciso ter esperança e otimismo na vida.

A Pedagogia Freinet é uma prática libertadora, uma vez que os problemas da vida e da prática social são discutidos em grupo e avaliados cooperativamente para a realimentação e reorganização do trabalho em conjunto; esse conjunto de práticas que fundamentam a Proposta Pedagógica da Escola é conhecido como  Técnicas ou Pedagogia Freinet” que são:

- Aula passeio
- Texto livre
- A imprensa escolar
- A correspondência e os intercâmbios interescolares
- O jornal escolar
- A biblioteca de trabalho
- O livro da vida
- O fichário escolar
- O limógrafo ( hoje mimeógrafo ou computador)
- O Plano de Trabalho
- A autoavaliação
- A autocorreção

(Fonte : www.freinet.org.br)


TRAZENDO FREINET PARA OS DIAS DE HOJE


Reflexão

                                                                         Texto abaixo do Prof. Raimundo Ferreira Ignácio
Apesar das grandes alterações e do progresso fantástico da humanidade a partir século XX, um grande número de escolas continuam a dar o conhecimento para que não se possa pensar; continuam a adquirir e reproduzir para não criar e continuam a consumir em lugar de realizar o trabalho de reflexão. O fracasso deste tipo de instituição já está sobejamente comprovado, apesar de sua nobre missão de educar.
É por esse motivo que devemos pensar na reeducação, a qual necessita de uma nova educação, oriunda da batalha travada entre a excelência e a mediocridade, a passividade e a participação, onde temos como vencedoras a excelência e a participação.
Esta nova educação é inovadora pelo simples fato de deixar de estabelecer fronteira entre a escola e a sociedade. Nela estamos constantemente repensando o seu papel e o seu propósito, conhecendo de forma mais íntima a comunidade escolar, definindo com maior transparência as suas missões, objetivos, atualizando, criando novos processos e alternativas para as soluções dos problemas educacionais. Na mesma, o diretor consegue resultados através de pessoas: os chefes de departamentos, os chefes de setores, os educadores, os laboratoristas, os funcionários administrativos e a sociedade - e os educadores também conseguem os resultados através das pessoas: os alunos e estes através de suas realizações junto à sociedade. Nela a comunidade participa ativamente da construção de conhecimento, que vai além de pura teoria, que leva em conta as necessidades e a torne instrumento da criação de um mundo melhor, onde as pessoas se transformam em sujeitos da própria história. Ela rompe com a tradição de que só alguns iluminados são competentes e sabem quais são as necessidades e interesses de toda a sociedade. Nela os professores transformam-se em educadores.

            Refletindo sobre esse texto simples, porém verdadeiro, percebemos que as mudanças significativas e os resultados positivos que se pretende alcançar na educação, não estão apenas na complexa legislação que rege o ensino no Brasil, mas dentro de cada um, na “vontade” e “criatividade” para mudar; percebemos que é no microcosmo da sala de aula que está a chave mestra para a excelência e não para a mediocridade; percebemos também que não é um “bicho-de-sete-cabeças”. O professor Raimundo ainda fala sobre a reeducação:

“É envolver as pessoas na busca da qualidade de vida, onde o impossível, através de um processo criativo, transforma-se em um amanhã a ser vivido e sobre criatividade: é poder fazer o que "sempre" se fez, porém de uma forma inédita e mais valiosa dia após dia”.

            A professora Ruth Jofilly, pedagoga essencialmente freinetiana, diz:

“Escola para nós é vida e não preparação para a vida. Só se aprende a viver, vivendo,
só se aprende a fazer, fazendo, só se aprende a pensar, pensando...
“A escola responde o que o aluno não perguntou e não responde ao que o aluno perguntou”.

A aproximação da escola à vida real faz com que os alunos vejam sentido no trabalho que realizam todos os dias, nos 200 dias letivos do ano e, quando tudo “faz sentido”, a motivação, participação e cooperação emergem naturalmente, isso é Freinet.--

Lendo e analisando as invariantes e as práticas pedagógicas de Freinet, podemos pensar em ações positivas que favoreçam um aprendizado com harmonia e disciplina, abrangente na prática educativa, na prática de vida, no desenvolvimento do espírito crítico, no questionamento das ideias, no espírito de curiosidade e principalmente no relacionamento professor/aluno.


AÇÕES:

1- Criando vínculos aluno/escola

O aluno precisa entender a primeira realidade: a escola é dele, feita para ele e existe por ele. A “coisa pública” é vista pela maioria dos brasileiros como se “fosse de ninguém” ou “que pertence aos governos”; a “coisa pública” é do povo, a escola pública é do aluno e isso deve ser ensinado desde o “berço”. 

1- A: Movimentos democráticos

Realizar movimento democrático para criação da bandeira e hino da escola, caso não existam e se existirem, ações para o envolvimento dos alunos com esses símbolos.
Realizar movimento democrático para criação do “grito de guerra” da escola, ou da classe, para ser repetido na entrada e na saída, despertando sentimentos positivos.
Realizar movimento democrático para que os alunos elejam as prioridades no que diz respeito ao que deve ser implantado ou modificado na escola e buscar sua realização.
      Estas são exemplo de ações que fazem com que o aluno perceba que sua participação pode sim modificar uma situação ou criar outra, de acordo com os interesses da maioria e isso é formação democrática.
“A democracia de amanhã prepara-se pela democracia na escola. Um regime autoritário na escola não seria capaz de formar cidadãos democratas.”

A escola é minha!...A escola é sua!....A escola é nossa...! Viva nossa escola!



2-Sala de aula

*PLANEJAMENTO DO DIA:

Estabelecer, na Roda de Conversa com a participação dos alunos, as atividades que serão desenvolvidas no dia e em qual sequência; os alunos sugerem atividades, contribuindo na elaboração do plano de trabalho. Quando há o envolvimento dos alunos nas decisões de tarefas, haverá maior compromisso e motivação no seu cumprimento.

“A criança e o adulto não gostam de imposições autoritárias.”


O combinado do planejamento diário pode ser exposto com figuras em painéis fixados na parede ou figuras penduradas no varal de atividades, dispostas na sequência estabelecida. Conforme as atividades vão sendo realizadas, as figuras devem ser viradas ou retiradas, para reforçar a noção da sequência temporal. Para o aluno com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), as figuras do combinado podem ser fixadas em sua própria carteira ou na prancha de comunicação.
Em um planejamento do dia essencialmente freinetiano, cada aluno programa sua própria rotina, escolhendo a sequência das atividades que deseja fazer e tem livre acesso aos materiais para realizar seus projetos; é uma liberdade contextualizada e orientada pela professora.
A inicial Roda de Conversa é um importante momento de comunicação entre o grupo e fornece preciosas informações dos alunos a professora; não basta uma avaliação pedagógica, é preciso conhecer cada aluno mais profundamente para uma leitura realista dessa pessoa, aproximando a escola de sua realidade; um aluno em sofrimento terá sua atenção, concentração, motivação e rendimentos prejudicados.

*AS LEIS (REGRAS) DA CLASSE:

Realizar um movimento para ampla discussão do que é permitido e proibido em sala de aula, com posterior montagem (realizada pelos alunos) de painel visível com as leis estabelecidas. A participação de todos é fundamental, favorecendo o compromisso e comportamento em sociedade.





“A ordem e a disciplina são necessárias na aula.”


*DISPOSIÇÃO FÍSICA DA CLASSE:

As tradicionais fileiras de carteiras (um aluno cheirando o pescoço do outro), não favorecem igualmente todos os alunos; a disposição das carteiras em semicírculos ou sua disposição para trabalho em grupos, aproxima o professor de todos os alunos, favorecendo a atenção, a comunicação, a cooperação, a  integração e motivação.


 






“A criança não gosta de sujeitar-se a um trabalho em rebanho. Ela prefere o trabalho individual ou de equipe numa comunidade cooperativa”. 


*FICHÁRIO DE CONSULTA

O fichário de consulta é elaborado em conjunto pela professora e alunos, colocando à disposição a aquisição dos mecanismos de cálculo, ortografia, ciências, história etc...
O fichário escolar consiste em caixas de fichas com perguntas e outras de respostas; a professora trabalha como consultora, esclarecendo as dúvidas e ensinando. Os livros didáticos são importantes, mas são apenas parte de todo o contexto da aprendizagem.

 





“A criança não se cansa de um trabalho funcional, ou seja, que atende aos rumos de sua vida”.


*DIÁRIO (LIVRO DA VIDA)

Registro diário (escrito-desenhado) por livre expressão dos acontecimentos do dia na escola.
Como introdução do diário, o aluno registra sua própria história, realizando uma pesquisa com sua família. Ao final de cada dia escreve/desenha, por livre expressão, um resumo dos acontecimentos, com suas impressões, favorecendo a expressão, a escrita e memorização. 


  
*CORRESPONDÊNCIA INTRA E EXTRACLASSE

Uma forma interessante de dar sentido e valorizar a escrita, uma vez que o que o aluno escreveu será lido por outro e correspondido. Incentiva a escrita de maneira prazerosa favorecendo a descoberta de um meio de comunicação, as relações humanas, trocas de informações e conhecimento de realidades diferentes.














“É fundamental a motivação para o trabalho”.

*IMPRENSA ESCOLAR (Socializar informações)

Elaborar com o grupo o jornal (periódico) da classe ou participar do jornal da escola.
Ler, comentar e discutir diariamente uma ou duas notícias do jornal da cidade.
Alunos trazem notícias comentadas em casa pelos pais e são discutidas no grupo.
Procurar vídeos relacionados com discussões geradas.
Realizar entrevistas sobre assuntos em debate.

Promove interesse pela informação, atualização, aproximação com a realidade de cada aluno.

  




  


“A concepção atual das grandes escolas conduz professores e alunos ao anonimato, o que é sempre um erro e cria barreiras”.


*DICIONÁRIO DO ALUNO

Cada palavra nova aprendida o aluno registra no seu dicionário, favorecendo a ampliação do vocabulário. É comum encontrarmos dificuldades na interpretação de texto devido a um vocabulário pobre.

*AULA PASSEIO

            A aula passeio não necessita ser sempre fora da escola. Muitos alunos não conhecem sua escola e realizar visitas aos diversos setores como diretoria, cozinha, secretaria, manutenção, colhendo informações do trabalho de cada funcionário, responsabilidades, problemas e dificuldades, permitem aos alunos uma nova visão de sua escola. Após cada visita, os registros e discussões são realizados em sala de aula.

“A escola cultiva apenas uma forma abstrata de inteligência, que atua fora da realidade fica fixada na memória por meio de palavras e ideias”.


*TATEAMENTO EXPERIMENTAL

Explorar o mundo físico e social estimula o aluno a confrontar novos fatos e formular hipóteses. A escola se torna um laboratório a céu aberto que permite vivenciar diversas experiências o que favorece a construção do saber.

Realizar sempre experiências com os alunos para vivenciem a prática nas diversas disciplinas. O trabalho no concreto costuma alcançar todos os alunos.

*AVALIAÇÃO

Autoavaliação do aluno - registrar em fichas o resultado do seu trabalho.
Aluno e professor devem se avaliar regularmente.
Autocorreção do aluno - processo dinâmico, diário e contínuo.
O ideal seria que cada aluno tivesse seu PDI, Plano de Desenvolvimento Individual.

“As notas e classificações constituem sempre um erro”.

Escola, Vida e Inclusão

 Em uma escola que faz sentido, com práticas pedagógicas criativas, que respeita a individualidade e as diferenças, humanista e formadora de cidadãos, a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais deve acontecer naturalmente.


Um trabalho de 
Eliane Degutis de Freitas – Terapeuta Ocupacional


19/03/2013

O PROFESSOR PESQUISADOR E REFLEXIVO

Nome: Antonio Nóvoa
Formação: Doutor em Educação e catedrático da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Lisboa.
Alguns livros publicados:
- Vida de professores. Porto, Portugal.
- Profissão professor. Porto, Portugal.
- Os professores e sua formação. Lisboa, Dom Quixote, 1992.
- As organizações escolares em análise. Lisboa, Publicações D. Quixote, 1992.



O paradigma do professor reflexivo, isto é, do professor que reflete sobre a sua prática, que pensa, que elabora em cima dessa prática, é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores.
Por vezes é um paradigma um bocadinho retórico e eu, um pouco também, em jeito de brincadeira, mais de uma vez já disse que o que me importa mais é saber como é que os professores refletiam antes que os universitários tivessem decidido que eles deveriam ser professores reflexivos.
Identificar essas práticas de reflexão – que sempre existiram na profissão docente, é impossível alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existissem – tentar identificá-las e construir as condições para que elas possam se desenvolver.



Entrevista com Antônio Nóvoa

Salto: Professor, o que é ser professor hoje? Ser professor atualmente é mais complexo do que foi no passado?


Nóvoa: É difícil dizer se ser professor, na atualidade, é mais complexo do que foi no passado, porque a profissão docente sempre foi de grande complexidade. Hoje, os professores têm que lidar não só com alguns saberes, como era no passado, mas também com a tecnologia e com a complexidade social, o que não existia no passado.
Isto é, quando todos os alunos vão para a escola, de todos os grupos sociais, dos mais pobres aos mais ricos, de todas as raças e todas as etnias, quando toda essa gente está dentro da escola e quando se consegue cumprir, de algum modo, esse desígnio histórico da escola para todos, ao mesmo tempo, também, a escola atinge uma enorme complexidade que não existia no passado.
Hoje em dia é, certamente, mais complexo e mais difícil ser professor do que era há 50 anos, do que era há 60 anos ou há 70 anos.
Esta complexidade acentua-se, ainda, pelo fato de a própria sociedade ter, por vezes, dificuldade em saber para que ela quer a escola. A escola foi um fator de produção de uma cidadania nacional, foi um fator de promoção social durante muito tempo e agora deixou de ser.
E a própria sociedade tem, por vezes, dificuldade em ter uma clareza, uma coerência sobre quais devem ser os objetivos da escola.
E essa incerteza, muitas vezes, transforma o professor num profissional que vive numa situação amargurada, que vive numa situação difícil e complicada pela complexidade do seu trabalho, que é maior do que no passado. Mas isso acontece, também, por essa incerteza de fins e de objetivos que existe hoje em dia na sociedade.

Salto: Como o senhor entende a formação continuada de professores? Qual o papel da escola nessa formação?

Nóvoa – Durante muito tempo, quando nós falávamos em formação de professores, falávamos essencialmente da formação inicial do professor. Essa era a referência principal: preparavam-se os professores que, depois, iam durante 30, 40 anos exercer essa profissão. Hoje em dia, é impensável imaginar esta situação.
Isto é, a formação de professores é algo, como eu costumo dizer, que se estabelece num continuum. Que começa nas escolas de formação inicial, que continua nos primeiros anos de exercício profissional.
Os primeiros anos do professor – que, a meu ver, são absolutamente decisivos para o futuro de cada um dos professores e para a sua integração harmoniosa na profissão – continuam ao longo de toda a vida profissional, através de práticas de formação continuada.
Estas práticas de formação continuada devem ter como pólo de referência as escolas. São as escolas e os professores organizados nas suas escolas que podem decidir quais são os melhores meios, os melhores métodos e as melhores formas de assegurar esta formação continuada. Com isto, eu não quero dizer que não seja muito importante o trabalho de especialistas, o trabalho de universitários nessa colaboração.
Mas a lógica da formação continuada deve ser centrada nas escolas e deve estar centrada numa organização dos próprios professores.

Salto: Que competências são necessárias para a prática do professor?

Nóvoa – Provavelmente na literatura, nos textos, nas reflexões que têm sido feitas ao longo dos últimos anos, essa tem sido a pergunta mais freqüentemente posta e há uma imensa lista competências. Estou a me lembrar que ainda há 3 ou 4 dias estive a ver com um colega meu estrangeiro, justamente, uma lista de 10 competências para uma profissão.
Podíamos listar aqui um conjunto enorme de competências do ponto de vista da ação profissional dos professores.
Resumindo, eu tenderia a valorizar duas competências: a primeira é uma competência de organização. Isto é, o professor não é, hoje em dia, um mero transmissor de conhecimento, mas também não é apenas uma pessoa que trabalha no interior de uma sala de aula.
O professor é um organizador de aprendizagens, de aprendizagens via os novos meios informáticos, por via dessas novas realidades virtuais. Organizador do ponto de vista da organização da escola, do ponto de vista de uma organização mais ampla, que é a organização da turma ou da sala de aula. Há aqui, portanto, uma dimensão da organização das aprendizagens, do que eu designo, a organização do trabalho escolar e esta organização do trabalho escolar é mais do que o simples trabalho pedagógico, é mais do que o simples trabalho do ensino, é qualquer coisa que vai além destas dimensões, e estas competências de organização são absolutamente essenciais para um professor.
Há um segundo nível de competências que, a meu ver, são muito importantes também, que são as competências relacionadas com a compreensão do conhecimento.
Há uma velha brincadeira, que é uma brincadeira que já tem quase um século, que parece que terá sido dita, inicialmente, por Bernard Shaw, mas há controvérsias sobre isso, que dizia que: “quem sabe faz, quem não sabe ensina”.
Hoje em dia esta brincadeira podia ser substituída por uma outra: “quem compreende o conhecimento”.
Não basta deter o conhecimento para o saber transmitir a alguém, é preciso compreender o conhecimento, ser capaz de o reorganizar, ser capaz de o reelaborar e de transpô-lo em situação didática em sala de aula.
Esta compreensão do conhecimento é, absolutamente, essencial nas competências práticas dos professores. Eu tenderia, portanto, a acentuar esses dois planos: o plano do professor como um organizador do trabalho escolar, nas suas diversas dimensões e o professor como alguém que compreende, que detém e compreende um determinado conhecimento e é capaz de o reelaborar no sentido da sua transposição didática, como agora se diz, no sentido da sua capacidade de ensinar a um grupo de alunos.

Salto: O que é ser professor pesquisador e reflexivo? E, essas capacidades são inerentes à profissão do docente?

Nóvoa – O paradigma do professor reflexivo, isto é, do professor que reflete sobre a sua prática, que pensa, que elabora em cima dessa prática é o paradigma hoje em dia dominante na área de formação de professores.
Por vezes é um paradigma um bocadinho retórico e eu, um pouco também, em jeito de brincadeira, mais de uma vez já disse que o que me importa mais é saber como é que os professores refletiam antes que os universitários tivessem decidido que eles deveriam ser professores reflexivos. Identificar essas práticas de reflexão – que sempre existiram na profissão docente, é impossível alguém imaginar uma profissão docente em que essas práticas reflexivas não existissem – tentar identificá-las e construir as condições para que elas possam se desenvolver.
Eu diria que elas não são inerentes à profissão docente, no sentido de serem naturais, mas que elas são inerentes, no sentido em que elas são essenciais para a profissão.
E, portanto, tem que se criar um conjunto de condições, um conjunto de regras, um conjunto de lógicas de trabalho e, em particular, e eu insisto neste ponto, criar lógicas de trabalho coletivos dentro das escolas, a partir das quais – através da reflexão, através da troca de experiências, através da partilha – seja possível dar origem a uma atitude reflexiva da parte dos professores.
Eu disse e julgo que vale a pena insistir nesse ponto.
A experiência é muito importante, mas a experiência de cada um só se transforma em conhecimento através desta análise sistemática das práticas. Uma análise que é análise individual, mas que é também coletiva, ou seja, feita com os colegas, nas escolas e em situações de formação.

Salto: E o professor pesquisador?

Nóvoa – O professor pesquisador e o professor reflexivo, no fundo, correspondem a correntes diferentes para dizer a mesma coisa. São nomes distintos, maneiras diferentes dos teóricos da literatura pedagógica abordarem uma mesma realidade.
A realidade é que o professor pesquisador é aquele que pesquisa ou que reflete sobre a sua prática. Portanto, aqui estamos dentro do paradigma do professor reflexivo. É evidente que podemos encontrar dezenas de textos para explicar a diferença entre esses conceitos, mas creio que, no fundo, no fundo, eles fazem parte de um mesmo movimento de preocupação com um professor que é um professor indagador, que é um professor que assume a sua própria realidade escolar como um objeto de pesquisa, como objeto de reflexão, com objeto de análise. Mas, insisto neste ponto, a experiência por si só não é formadora.
John Dewey, pedagogo americano e sociólogo do princípio do século, dizia: “quando se afirma que o professor tem 10 anos de experiência, dá para dizer que ele tem 10 anos de experiência ou que ele tem um ano de experiência repetido 10 vezes”. E, na verdade, há muitas vezes esta idéia. Experiência, por si só, pode ser uma mera repetição, uma mera rotina, não é ela que é formadora.
Formadora é a reflexão sobre essa experiência, ou a pesquisa sobre essa experiência.

Salto: A sociedade espera muito dos professores. Espera que eles gerenciem o seu percurso profissional, tematizem a própria prática, além de exercer sua prática pedagógica em sala de aula. Qual a contrapartida que o sistema deve oferecer aos professores para que isso aconteça?

Nóvoa – Certamente, nas entrelinhas da sua pergunta, há essa dimensão. Há hoje um excesso de missões dos professores, pede-se demais aos professores, pede-se demais as escolas.
As escolas, talvez, resumindo numa frase (...), as escolas valem o que vale a sociedade.
Não podemos imaginar escolas extraordinárias, espantosas, onde tudo funciona bem numa sociedade onde nada funciona. Acontece que, por uma espécie de um paradoxo, as coisas que não podemos assegurar que existam na sociedade, nós temos tendência a projetá-las para dentro da escola e a sobrecarregar os professores com um excesso de missões.
Os pais não são autoritários, ou não conseguem assegurar a autoridade, pois se pede ainda mais autoridade para a escola. Os pais não conseguem assegurar a disciplina, pede-se ainda mais disciplina a escola. Os pais não conseguem que os filhos leiam em casa, pede-se a escola que os filhos aprendam a ler. É legítimo eles pedirem sobre a escola, a escola está lá para cumprir uma determinada missão, mas não é legítimo que sejam uma espécie de vasos comunicantes ao contrário. Que cada vez que a sociedade tem menos capacidade para fazer certas coisas, mais sobem as exigências sobre a escola.
E isto é um paradoxo absolutamente intolerável e tem criado para os professores uma situação insustentável do ponto de vista profissional, submetendo-os a uma crítica pública, submetendo-os a uma violência simbólica nos jornais, na sociedade, etc. o que é absolutamente intolerável. Eu creio que os professores podem e devem exigir duas coisas absolutamente essenciais que são:

• Uma, é calma e tranqüilidade para o exercício do seu trabalho, eles precisam estar num ambiente, eles precisam estar rodeados de um ambiente social, precisam estar rodeados de um ambiente comunitário que lhes permita essa calma e essa tranqüilidade para o seu trabalho. Quer dizer, não é possível trabalhar pedagogicamente no meio do ruído, no meio do barulho, no meio da crítica, no meio da insinuação. É absolutamente impossível esse tipo de trabalho. As pessoas têm que assegurar essa calma e essa tranqüilidade.

• E, por outro lado, é essencial ter condições de dignidade profissional. E esta dignidade profissional passa certamente por questões materiais, por questões do salário, passa também por boas questões de formação, e passa por questões de boas carreiras profissionais.
Quer dizer, não é possível imaginar que os professores tenham condições para responder a este aumento absolutamente imensurável de missões, de exigências no meio de uma crítica feroz, no meio de situações intoleráveis, de acusação aos professores e às escolas.
Eu creio que há, para além dos aspectos sociais de que eu falei a pouco – e que são aspectos extremamente importantes, porque no passado os professores não tiveram, por exemplo, os professores nunca tiveram situações materiais e econômicas muito boas, mas tinham prestígio e uma dignidade social que, em grande parte completavam algumas dessas deficiências – para além desses aspectos sociais de que eu falei a pouco e que são essenciais para o professor no novo milênio, neste milênio que estamos, eu creio que pensando internamente a profissão, há dois aspectos que me parecem essenciais.
O primeiro é que os professores se organizem coletivamente – e esta organização coletiva não passa apenas, eu insisto bem, apenas pelas tradicionais práticas associativas e sindicais – passa também por novos modelos de organização, como comunidade profissional, como coletivo docente, dentro das escolas, por grupos disciplinares e conseguirem deste modo exercer um papel com profissão, que é mais ampla do que o papel que tem exercido até agora.
As questões dos professorado enquanto coletivo parecem-me essenciais. Sem desvalorizar as questões sindicais tradicionais, ou associativas, creio que é preciso ir mais longe nesta organização coletiva do professorado.

O segundo ponto – e que tem muito a ver também com formação de professores – passa pelo que eu designo como conhecimento profissional. Isto é, há certamente um conhecimento disciplinar que pertence aos cientistas, que pertence às pessoas da história, das ciências, etc., e que os professores devem de ter.
Há certamente um conhecimento pedagógico que pertence, às vezes, aos pedagogos, às pessoas da área da educação que os professores devem de ter também.
Mas, além disso há um conhecimento profissional que não é nem um conhecimento científico, nem um conhecimento pedagógico, que é um conhecimento feito na prática, que é um conhecimento feito na experiência, como dizia há pouco, e na reflexão sobre essa experiência.
A valorização desse conhecimento profissional, a meu ver, é essencial para os professores neste novo milênio.
Creio, portanto, que minha resposta passaria por estas duas questões: a organização como comunidade profissional e a organização e sistematização de um conhecimento profissional específico dos professores.

Salto: O senhor diz em um texto que a sua intenção é olhar para o presente dos professores, identificando os sentidos atuais do trabalho educativo.
Em relação ao Brasil o que o senhor vê: o que já avançou na formação dos professores brasileiros e o que ainda precisa avançar?

Nóvoa – É muito difícil para mim e nem seria muito correto estar a tecer grandes considerações sobre a realidade brasileira.
Primeiro porque é uma realidade que, apesar de eu cá ter vindo algumas vezes, que eu conheço ainda mal, infelizmente, espero vir a conhecer melhor e, por outro lado, porque não seria (...) da minha parte tecer grandes considerações sobre isso.
No entanto, eu julgo poder dizer duas coisas. A primeira é que os debates que há no Brasil sobre formação de professores e sobre a escola são os mesmos debates que se tem um pouco por todo mundo.
Quem circula, como eu circulo, dentro dos diversos países europeus, na América do Norte e outros lugares, percebe que estas questões, as questões que nos colocam no final das palestras, as perguntas que nos fazem são, regra geral, as mesmas de alguns países para os outros.
Não há, portanto, uma grande especificidade dos fatos travados no Brasil em relação a outros países do mundo e, em particular, em relação a Portugal.
Creio que houve, obviamente, avanços enormes na formação dos professores nos últimos anos, mas houve também grandes contradições. E a contradição principal que eu sinto é que se avançou muito do ponto de vista da análise teórica, se avançou muito do ponto de vista da reflexão, mas se avançou relativamente pouco das práticas da formação de professores, da criação e da consolidação de dispositivos novos e consistentes de formação de professores. E essa decalagem entre o discurso teórico e a prática concreta da formação de professores é preciso ultrapassá-la e ultrapassá-la rapidamente.
Devo dizer, no entanto, também, que se os problemas são os mesmos, se as questões são as mesmas, se o nível de reflexão é o mesmo, eu creio que a comunidade científica brasileira está ao nível das comunidades científicas ou pedagógicas dos outros países do mundo. Se essas realidades são as mesmas é evidente que há um nível, que eu diria, um nível material, um nível de dificuldades materiais, de dificuldades materiais nas escolas, de dificuldades materiais relacionadas com os salários dos professores, de dificuldades materiais relacionadas com as condições das instituições de formação de professores que são, provavelmente, mais graves no Brasil do que em outros países que eu conheço.
Terão aqui, evidentemente, problemas que têm a ver com as dificuldades históricas de desenvolvimento da escola no Brasil e das escolas de formação de professores e que, portanto, é importante enfrentá-los e enfrentá-los com coragem e enfrentá-los de forma não ingênua, mas também de forma não derrotista. Creio, por isso, que devemos perceber que no Brasil, como nos outros países, as perguntas são as mesmas, as nossas empolgações são as mesmas, mas é verdade que há aqui por vezes dificuldades que eu chamaria de ordem material, maiores do que as existem em outros países e que é absolutamente essencial que com a vossa capacidade de produzir ciência, com a vossa capacidade de fazer escola e com a vossa capacidade de acreditar como educadores possam ultrapassar essas dificuldades nos próximos anos.
E esses são, sinceramente, os meus desejos e na medida que meu contributo, pequeno que ele seja, possa ser dado, podem, evidentemente, contar comigo para essa tarefa.

(Entrevista concedida em 13 de setembro 2001)
Fonte: Salto para o Futuro

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