TODO MATERIAL POSTADO EM MEU BLOG É DE CONTEÚDO PESQUISADO NA INTERNET OU DE AMIGOS QUE ME ENVIAM, AO QUAL SOU SEMPRE AGRADECIDO.
POUCAS VEZES CRIEI ALGO PARA COLOCAR NO BLOG.
O MEU SENTIMENTO É O DE UM GARIMPEIRO, QUE BUSCA DIAMANTES, E QUANDO ENCONTRA NÃO CONSEGUE GUARDAR PARA SI.

31/03/2008

A ALMA É UMA ÁGUIA QUE AMA AS ALTURAS

As crianças jamais desejam ser aposentadas de ser crianças.
O terrível e mortal é quando o homem se aposenta.
Não estou me referindo simplesmente ao momento em que não é mais necessário comparecer ao trabalho.
Estou me referindo àquele momento quando um homem ou uma mulher atracam o seu barco e sem entregam à tola ilusão de, finalmente, ter paz.
Mas paz, precisamente, é o que a alma não deseja. A alma deseja o perigo, o desconhecido.
A alma é uma águia que ama as alturas, as montanhas geladas, o mar desconhecido, os abismos.
A alma é guerreira: Pugno, ergo sum – luto, logo existo.
É preciso que haja sempre uma batalha a ser travada. A paz desejada (o sonho do “Sítio do Vovô”...) logo se transforma num charco de água parada.
A segurança é a mãe do tédio.
E no tédio as serpentes chocam seus ovos.
“Homens velhos devem ser exploradores, não importa onde...
Temos de estar sempre nos movendo na direção de uma nova intensidade, de uma união mais alta, de uma comunhão mais profunda...
Nos movendo através de uma desolação escura, fria e vazia: o grito das ondas, o grito do vento, as águas imensas das gaivotas e dos golfinhos: no meu fim está o meu início” (T. S. Eliot ) Nikos Kazantsakis é um autor que precisa ser lido.
Dentre todos os seus livros, todos eles maravilhosos, o que fala mais perto do meu coração é Zorba, o Grego...
Quem viu só o filme nada viu.
Tentei ver o filme, pensando que seria igual ao livro, e não consegui chegar ao fim. Acontece que há certas sutilezas na escrita que não podem ser transformadas em imagens.
Está relatado que Zorba, velho e doente, ao ver que a morte já estava dentro do seu quarto, levantou-se da cama, foi até a janela, e por longos minutos contemplou com sorriso e silêncio os cenários que se abriam à sua frente, o mundo maravilhoso, ao fundo as montanhas.
De repente, pôs-se a relinchar como um cavalo, agarrou-se à janela e disse: “Um homem como eu deveria viver mil anos!”
Ditas essas palavras ele caiu morto...
Zorba morreu criança.
Rubem Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário

SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE.

VÁRIOS CURSO SOBRE EDUCAÇÃO