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11/12/2008

ALMA, LUGAR ONDE VIVE A MEMÓRIA

Uma leitora enviou-me um e-mail em inglês.
Desculpou-se. É egípcia.
Vive no Brasil, entende bem o português mas tem dificuldades em se expressar. Disse-me que gostava das coisas que escrevo.
Escreveu-me para dizer que uma palavra, uma única palavra que eu havia escrito a apunhalara. Numa crônica que eu escrevera para minhas netas, contando como era a vida na roça, disse que não havia eletricidade. Portanto não havia geladeiras. As comidas eram guardadas num armário de tela chamado “guarda-comida”.
Essa foi a palavra que a apunhalou.
Como é que uma palavra tão banal pode apunhalar? Não foi a palavra. Foi a lembrança. Ela já havia se esquecido de que essa palavra existia.
Aí, quando ela a leu, um passado longínquo retornou.
Ela se viu menina na cozinha de sua casa no Cairo. Lá havia um guarda-comida...

“Alma” é o nome do lugar onde se encontram esses pedaços perdidos de nós mesmos.
São partes do nosso corpo como as pernas, os braços,
o coração.
Circulam em nosso sangue, estão misturadas com os nossos músculos.
Quando elas aparecem o corpo se comove, ri, chora...

Para que servem elas?
Para nada. Não são ferramentas. Não podem ser usadas.
São inúteis.
Elas aparecem por causa da saudade.
A alma é movida à saudade.
A alma não tem o menor interesse no futuro.
A saudade é uma coisa que fica andando pelo tempo passado à procura dos pedaços de nós mesmos que se perderam.

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