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01/08/2009

UM DIAMANTE NÃO RECONHECIDO

Se você pegar um diamante na mão reconhecerá o seu valor?
Vejam que coisa...
Estará também acontecendo isso na educação?


Numa experiência inédita, um dos mais famosos violinistas do mundo tocou incógnito durante quase uma hora numa estação de Metro de Washington, despertando pouca ou nenhuma atenção.

Numa iniciativa do jornal Washington Post, o violinista Joshua Bell, com o seu Stradivarius de 1713 avaliado em 3,5 milhões de dólares, tocou recentemente durante 45 minutos na estação L`Enfant Plaza no centro de Washington entre as 07.15 e as 08:00.

Três dias antes, Bell tinha tocado no Symphony Hall em Boston, onde os melhores lugares custam cerca de cem dólares, mas na estação de Metro foi praticamente ignorado pela esmagadora maioria das 1.097 pessoas que passaram à sua frente durante esse período de tempo.

A excepção foram as crianças, que, inevitavelmente, e perante a oposição do pai ou da mãe, queriam parar para escutar Bell, algo que, diz o jornal, pode indicar que todos nascemos com poesia e esta é depois, lentamente, sufocada dentro de todos nós.

Bell, vestido de jeans e t-shirt branca e com boné de um clube de basebol local, começou por interpretar "Chaconne", de Johann Sebastian Bach, que é, na sua opinião, "não só uma das maiores peças musicais jamais compostas, mas também um dos grandes sucessos de qualquer homem na história".

Este fato, obviamente, não impressionou os usuários do Metro, porquanto só passados três minutos e meio é que alguém decidiu recompensar o violinista deitando um dólar na caixa do violino.

E só passados seis minutos, assinalou o jornal, alguém parou para escutar Joshua Bell.




"Foi uma sensação muito estranha aperceber-me de que as pessoas me estavam a ignorar", disse Bell, habituado aos aplausos dos amantes da música.

"Num concerto eu fico irritado se alguém tosse ou se um celular toca. Mas na estação de Metro as minhas expectativas rapidamente diminuíram. Comecei a ficar agradecido pelo mínimo dos reconhecimentos, mesmo um simples olhar. E fiquei muito agradecido quando alguém punha um dólar na caixa e não apenas alguns trocos", acrescentou Bell.

Os resultados surpreenderam também o diretor nacional da Orquestra Sinfónica Nacional, Leonard Slatkin, que declarou ao jornal esperar que, em cada mil usuários, "35 ou 40 reconhecessem a qualidade e entre 75 e 100 parassem para escutar".

O próprio Post tinha adoptado medidas para o caso de a presença de Bell provocar uma acumulação de transeuntes e "engarrafamentos" na estação de Metro, preocupações que provaram ser totalmente escusadas.

Para Bell, o pior foi quando acabou de tocar "Chaconne" e "nada aconteceu".

"As pessoas, que não notaram que estava tocando, também não notaram que eu tinha acabado", disse Bell, que, como prodígio do violino, está habituado desde muito jovem a enormes aplausos.

Depois de "Chaconne", Joshua Bell tocou "Ave Maria", de Franz Schubert, e "Estrellita", de Manuel Ponce, e a indiferença foi quase que total. Apenas sete pessoas pararam por alguns poucos minutos para escutar.

Mas o "herói cultural" da experiência do Washington Post foi John Picarello, um inspector dos Correios que se dirigiu para o topo das escadas onde Bell estava quando este começou a tocar "Chaconne" para terminar o seu "espectáculo".

Picarello escutou Bell durante nove minutos e disse ao jornal ter notado imediatamente tratar-se de "um violinista soberbo".

"Nunca ouvi ninguém deste calibre, tecnicamente muito bom e com um violino bom, com excelente som", descreveu Picarello, que se mostrou "espantado" pelo fato de a música de Bell não estar "a interessar a ninguém".

O inspector dos Correios deu cinco dólares a Joshua Bell sem saber de quem se tratava.

Foi quase já no fim do "concerto" que alguém finalmente reconheceu o violinista. Stacy Furukawa, uma funcionária no Departamento do Comércio, tinha, três semanas antes, ido a um concerto de Bell na biblioteca do Congresso e não pôde acreditar no que estava a ouvir na estação de Metro.

"Joshua Bell a tocar à hora de ponta e as pessoas passam, não olham e alguns atiram moedas de 25 cêntimos para dentro da caixa do violino. Vinte e cinco cêntimos! Que tipo de cidade é esta em que isto pode acontecer?", disse Furukawa ao jornal.

O sucedido motiva o debate: a presença de Bell no Metro foi um caso de "lançar pérolas a porcos"? É a beleza um fato objectivo que se pode medir ou apenas uma opinião? Mark Leitahuse, um dos diretores da Galeria Nacional de arte, afirmou ao jornal não estar surpreendido, porque arte tem de estar "em contexto".

Para Leitahuse, pode-se tirar de um museu uma pintura famosa no valor de cinco milhões de dólares, levá-la para um restaurante e "ninguém notará". Mesmo um especialista poderá apenas observar que se trata de uma boa cópia e continuar a comer.

Tudo é, portanto, na sua opinião, uma questão de "contexto".

Para outros, como o escritor John Lane, a experiência é um indicativo da "perda da capacidade de se apreciar a beleza".
O escritor disse ao Washington Post que o que aconteceu não significa que "as pessoas não tenham a capacidade de compreender a beleza, mas sim que ela deixou de ser relevante para elas".

Bell assinalou ao jornal ter recebido dos utentes do Metro um total de 32,17 dólares pelos 43 minutos que tocou. Não foi "muito mau", considerou.

"Isto dá 40 dólares à hora, pelo que penso que poderia viver sem ter de pagar a um agente", ironizou.

Terça-feira, em Nova Iorque, Joshua Bell vai receber o prémio de melhor músico clássico dos Estados Unidos. Pelo que não há dúvidas de que alguém reconhece o seu valor e a beleza da sua música ainda que em contexto.

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