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21/09/2010

JOHN HOWARD GRIFFIN - BLACK LIKE ME

DO BLOG MDIG





John Howard Griffin antes do tratamento e durante sua etapa como engraxate.
John trabalhava como colunista em um jornal do Texas em novembro de 1959, quando a direção lhe encarregou de um artigo sobre o aumento da taxa de suicídio entre a população negra do sul do país. John sabia que, como homem branco, seria incapaz de compreender e assimilar todas e a cada uma das motivações que levariam um homem negro a tomar tão terrível decisão. Atraído e obcecado pelo método, decidiu ler pelas linhas do manual do jornalista insensato para adentrar-se no mundo dos párias e preparar o melhor artigo de sua vida em defesa dos direitos civis.

Nem sua mulher nem seus três filhos conseguirar mudar suas convicções. Tomado pela solvência de seus princípios, John decidiu romper com sua vida anterior -só conservaria o nome- para viajar pelos estados mais fustigados pela intolerância: Alabama, Louisiana, Mississipi e Georgia e instalar-se durante seis semanas em um dos bairros negros de Nova Orleans.

Antes inclusive de converter-se em um negro anônimo foi objeto das primeiras "chicotadas" que deixaram o jornalista estupefato. Ao comunicar seu plano ao FBI por motivos de segurança recebeu a seguinte resposta:
"Se você quer se tornar um negro, só pode esperar ser tratado por nós como um negro."
Para convencer em sua metamorfose decidiu solicitar os serviços do melhor dermatologista de Nova Orleans. O famoso médico receitou uma droga chamada Oxsoralen, muito utilizada então para lutar contra o vitiligo, a psoríase e outras doenças de pele. Seu uso em quantidades desmesuradas produz uma alta pigmentação artificial, ideal para satisfazer as intenções do original jornalista. O médico receitou-lhe a periódicas análises sanguíneas para controlar o estado de seu fígado ante a avalanche de medicamentos. A este tratamento seguiram a exposição diária a larguíssimas sessões de bronzeamento artificial -de até 15 horas- e a aplicação de vários cremes e pomadas pigmentantes. Antes de partir melhorou também seu sotaque sulista, raspou a cabeça para esconder seu cabelo liso e dispôs de um enxoval completo com a vestimenta mais apropriada para os gostos de sua nova raça.

John Howard bronzeando-se em uma de suas longas sessões e assinando exemplares de seu livro.
Todo o projeto foi bancado pela revista Sepia, um magazine da comunidade afro americana que se encarregava de tentar mostrar a desequilibrada defesa racial. Em troca do patrocínio, Griffin comprometeu-se a publicar os primeiros artigos com exclusividade para a revista. Mais tarde chegaria a compilação completa em forma de best-seller.

John partiu de seu rancho no Texas em Dezembro de 1959. Logo sofreria a primeira rejeição por sua artificial condição. Durante uma de suas longas viagens de ônibus público, combinado sempre com seus congêneres na parte posterior e ignóbil do veículo; foram avisados de uma parada para a evacuação e troca de ar. Quando o ônibus chegou à estação de serviço o motorista deixou sair só os brancos, fechando as portas a todos os homens de cor sem justificativa aparente. Era muito normal. Tratava-se de deixar claro, de alguma maneira pouco sutil, a consideração como cidadãos de segunda classe.

Uma dos episódios mais extraordinários e inteligentes do trabalho de pesquisa ocorreu quando John tentou votar em uma das múltiplas consultas do condado. Teve então que fazer uma espécie de teste para filtrar os analfabetos e que alguns políticos utilizavam a seu favor:

- "Pode recitar o parágrafo quinto da Constituição dos EUA?"

O votante potencial assim o fez.

- "Pode dizer todos os presidentes desde 1840 até 1860, seu mandato, e de que forma ficaram conhecidos?

O negro postiço também o fez. O examinador -surpreso- pegou então um jornal impresso em chinês que dispunha para os casos mais duros e convidou-o a ler o parágrafo de introdução da notícia principal.

- "Não posso entender o parágrafo inteiro, mas posso ler o título". Disse John.

Incrédulo, o xerife branco, disse:

- "Como? Você sabe ler o título? O que está escrito?"

- "Diz", esclareceu o jornalista - "Aqui um homem negro que não vai votar no estado do Mississipi durante todo este ano."

O anedotário racista de seu livro é tão instrutivo como desconcertante. John Howard Griffin foi humilhado, vilipendiado e segregado em toda classe de atos sociais e rotineiros com perdas de direitos civis que se criam evidentes desde o cômodo e indolente estado branco. Seus textos são um compêndio de evidências que colocaram ao descoberto todo o catálogo de pequenas e grandes ofensas que a população negra da época sofria. Esteve bem perto de participar em várias brigas com a polícia e grupos racistas das quais conseguiu escapar para não jogar por terra seu trabalho de investigação.

Várias das instantâneas que tomou seu amigo o fotógrafo Dom Rutledge durante o experimento.
Como último experimentos de sua apaixonante aventura, John Howard Griffin decidiu submeter a julgamento várias personagens desde suas duas identidades raciais. Antes de abandonar o tratamento de pigmentação selecionou vários candidatos para avaliar sua resposta racista ante eventos de protocolo, solicitação de trabalho ou trato direto pessoal. Com todos eles repetiu as mesmas experiências, mas com sua tez natural. O resultado, desanimador, é o que todos suspeitam.

A Ku Klux Klan ameaçou o jornalista de morte desde que publicou seus estudos em março de 1960, mas John Howard Griffin morreu de forma natural em 9 de setembro de 1980, depois de mais de 20 anos de luta pelos direitos civis e vítima das consequências uma antiga lesão cerebral de guerra. Algumas fontes tentaram associar sua morte aos excessos cometidos com os medicamentos e as terapias de pigmentação.... mas isso já é uma outra história entre tantas lendas que cercam Griffin.

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