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12/11/2012

OLHAR E MATERNAGEM


O que é um olhar? 
O olhar não se encontra nos olhos. 
Observação de Sartre: “O olhar do Outro esconde seus olhos”. 
Observação de Cecília Meireles: “O sentido está guardado no rosto com que te miro”. 
Eu não te miro com os meus olhos. 
Eu te miro com o meu rosto. 
Os olhos são peças anatômicas assustadoras em si mesmas. Olhos não têm sentido. 
Eles nada dizem. Mas o rosto com que te miro guarda um segredo. Não miro com os olhos. 
Miro com o rosto. É o rosto que desvenda o mistério do olhar. 
O rosto da mãe revela à criança o segredo do seu olhar. Isso é verdade até para os animais: o olhar de um cão…

Roland Barthes é uma excepção. 
Ele não tinha medo de pensar seus próprios pensamentos, mesmo que não pudessem ser cientificamente comprovados. 
Às vezes, a exigência de provas é uma manifestação de burrice. Acho que se ele tivesse que ele tivesse que resumir o que pensava sobre educação numa única frase, ele diria: “No princípio é o olhar…”. A educação acontece na subtil trama entre os olhares da mãe e do filho. Pois é aí que se revela o desejo.
Vejam esta deliciosa descrição da mãe ensinando o filhinho a andar:

Quando a criança aprende a andar, a mãe não discorre, nem demonstra: ela não ensina a andar, ela não representa (não anda diante da criança): ela sustenta, encoraja, chama (recua e chama): ela incita e cerca: a criança pede a mãe e a mãe deseja o andar da criança.
Van Gogh tem uma delicada tela que representa esta cena: o pai, jardineiro, interrompeu seu trabalho; está ajoelhado no chão, com os braços estendidos para criança que chega, conduzida pela mãe. 
O rosto do pai não pode ser visto. 
Mas é certo que ele está sorrindo. 
O rosto-olhar do pai está dizendo para o filhinho: “Eu quero que você ande”. É o desejo de que a criança ande, desejo que assume forma sensível no rosto da mãe ou do pai, que incita a criança no aprendizado dessa coisa que não pode ser ensinada nem por exemplos, nem por palavras.
Os educadores acadêmicos dirão que isso é piegas, romântico – não é científico. 
É verdade. O que eu disse não pode ser dito cientificamente. 
Só poeticamente.
acontece que, como disse Bernardo Soares, o fato é que somos incuravelmente românticos! 
Assim, sendo a educação uma coisa romântica (não consigo pensar uma criança sem ternura), eu lhe digo: “Professor: trate de prestar atenção no seu olhar. 
Ele é mais importante que seus planos de aula. 
O olhar tem o poder para despertar e para intimidar a inteligência. 
O olhar é um poder bruxo!”.

Rubem Alves

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