"O educador educa a dor da falta, cognitiva e afetiva, para a construção do prazer. É da falta que nasce o desejo.
Educa a aflição da tensão da angústia de desejar.
Educa a fome de desejo.
Um dos sintomas de estar vivo é a nossa capacidade de desejar e de nos apaixonar, amar e odiar, destruir e constuir.
Somos movidos pelo desejo de crescer, de aprender, e nós, educadores, também de ensinar.
Instrumental importante na vida do ensinar do educador é o ver (observação), o escutar e o falar.
Assim como, para estar vivo, não basta o coração batendo, para ver não basta estar de olhos abertos.
Observar, olhar o outro e a si próprio, significa estar atento, buscando o significado do desejo, acompanhar o ritmo do outro buscando sintonia com este.
A observação faz parte da aprendizagem do olhar, que é uma ação altamente movimentada e reflexiva.
Ver é buscar, tentar compreender, ler desejos. Através do seu olhar, o educador também lança seus desejos para o outro.
Para escutar, não basta, também, só ter ouvidos.
Escutar envolve receber o ponto de vista do outro (diferente ou similar ao nosso), abrir-se para o entendimento de sua hipótese, identificar-se com sua hipótese, para a compreensão de seu desejo.
Para falar, não basta ter boca, é necessário ter um desejo para comunicar, pois todo desejo pede, busca comunicação com o outro.
Também, "todo o desejo é o desejo do outro".
É o outro que me impele a desejar…
É na fala do educador, no ensinar (intervir, devolver, encaminhar), expressão do seu desejo, casado com o desejo que foi lido, compreendido pelo educando, que ele tece o seu ensinar.
Ensinar e aprender são movidos pelo desejo e pela paixão."
Madalena Freire em "O sentido dramático da aprendizagem", capítulo do livro A paixão de Aprender.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
SUA OPINIÃO É MUITO IMPORTANTE.