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26/08/2010

ARS POETICA

Um poema deve ser palpável, silencioso,

como um fruto redondo.



Mudo

como os velhos medalhões ao toque dos dedos.



Silente

como o gasto peitoril de uma janela em que cresceu o musgo.



Um poema deve ser calado

como o vôo dos pássaros.



Como a lua que sobe,

um poema deve ser imóvel

no tempo,



deixando, memória por memória, o pensamento,

como a lua detrás das folhas de inverno;



deixando-o como, ramo a ramo, a lua solta

as árvores emaranhadas na noite.



Um poema deve ser imóvel

no tempo

como a lua que sobe.



Um poema deve ser igual a:

não a verdade.



Para toda a história da dor,

uma porta franqueada e uma folha de ácer.



Para o amor,

as gramíneas inclinadas e duas luzes sobre o mar.



Um poema deve ser,

e não significar.



ARCHIBALD MACLEISH. Poeta norte-americano, nascido em Illinois no ano de 1892.
Lutou na Primeira Guerra Mundial e, de 1923 a 1928, esteve em exílio voluntário na Europa. Sua poesia é subjetiva e irônica, às vezes comprometida com os problemas sociais.
Foi igualmente ensaísta e dramaturgo renomado.
Morreu em 1982, em Boston. Obras: Poems (1933), Panic (1935), Land of the free (1938), The american story (1944) e Collected poems (1952). Tradução do poeta Péricles Eugênio da Silva Ramos

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