Texto escrito por José Romero Nobre de Carvalho Nascimento, historiador e diretor geral do COC Maceió e diretor das Faculdades Interativas COC
Henri Wallon,
médico, psicólogo e filósofo francês do século XIX, mostra que as crianças
têm também corpo e emoções e não apenas cérebro.
A partir dessa idéia, foi ele
quem lançou a tese de que a escola deve proporcionar uma formação integral
(intelectual, afetiva e social).
A teoria pedagógica de Wallon parte do
pressuposto de que o desenvolvimento intelectual das crianças vai muito além do
cérebro e de sua capacidade cognitiva.
Foi inovador, pois foi o primeiro
filósofo da educação a contestar a máxima pedagógica da época que dizia ser a
memória e a erudição os princípios da construção do conhecimento.
Para ele, a
construção do conhecimento e a perfeita relação entre o ensino e a aprendizagem
dependiam também do afetivo.
Não se aprende se o emocional da criança não está
bem equacionado. Para o filósofo, “a emoção é uma forma que a criança encontra
para exteriorizar os seus desejos e suas vontades”.
O desenvolvimento intelectual do educando é
possível a partir de uma pedagogia mais humanizada que provoque na criança o
despertar de uma sintonia com o meio em que vive. Assim, ele passa a fluir
melhor o seu pensamento e a compreender o seu desenvolvimento como pessoa.
A abordagem de Wallon leva-nos a perceber a
pessoa como um todo.
Ela passa a ser não um cérebro que está acumulando
conhecimento, mas uma pessoa que necessita do conhecimento para viver melhor e
mais feliz.
Leva-nos a sentir a necessidade de ver, nos alunos, seres humanos
que expressam suas emoções e necessitam de afetividade.
Mais do que isso, ela
nos conduz à missão de formar, respeitando a história de cada educando.
Isso é
maravilhoso, pois faz da educação um aprendizado constante também para o
educador.
A sensação é que ao nos debruçarmos sobre o desafio de ensinar,
acabamos por aprender muito sobre a essência dos seres humanos e as necessidades
reais do aprendizado.
Este pensamento oportuniza-nos a reflexão do
“homem-total”, que necessita aprender para a vida.
Falamos então na construção
integral do ser, capaz de desenvolver o intelecto sem esquecer o emocional e o
social.
Em uma proposta pedagógica global como a nossa,
há lugar para apreciarmos a proposta de Wallon, pois nos comprometemos a formar
para a vida, ensinando de verdade. Vemos o aluno como indivíduo, um ser em
formação que exige cuidados e carinho.
Temos consciência de que a perfeita
formação respeita a pessoa como um todo.
Em nossas atividades pedagógicas e
eventos, envolvemo-nos com afinco na idéia de que as emoções e o pensamento são
elementos essenciais para o perfeito desenvolvimento das crianças.
Entendendo que a escola guarda para si o
compromisso de difusora do conhecimento acumulado, sabemos também da necessidade
de atender o indivíduo em aspectos afetivos e individuais.
(Claro que
reservamo-nos a aspectos que no campo psicopedagógico possam ser geridos por
educadores de formação exclusivamente pedagógica, isto é, profissionais com
formação exclusiva em técnicas pedagógicas).
Dessa forma, a criança desfruta do
conhecimento ministrado na escola e preserva seus traços originais de cultura,
histórico familiar e relações sociais, e, estando ela no convívio escolar,
interage com pessoas diferentes, vivendo em uma diversidade que enriquece a
personalidade.
Aqui temos novamente a idéia de Wallon, que coloca a escola como
propiciador de subsídios para a compreensão maior das condutas individuais das
crianças, permitindo assim um melhor conhecimento sobre o seu mundo, para que
nossa atuação como educadores seja capaz de agir para uma formação sólida.
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