- Este homem, - disse o primeiro - tem em dúvida a tua sabedoria.
E como eu lhe afirmasse que tu jamais te enganarias, venho pedir-te, Mestre, que nos acompanhes até à aldeia próxima, onde o povo aguarda a tua santa palavra para a definitiva solução de uma contenda.
Colhendo, aqui e ali, um crisântemo, o sábio tomou, sem pressa o caminho do povoado.
A barba, lisa e grossa, tombava-lhe pelo peito largo, orlando-lhe o rosto de bronze.
E foi assim, como a calma nos gestos e a serenidade no coração, que parou, com os dois guias, à sombra de uma cerejeira, em torno à qual os homens se amontoavam.
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Entre o silêncio de todos, o homem sem fé explicou o motivo da disputa:
- Estas duas ovelhas, Mestre, são mãe e filha.
São, porém, tão semelhantes em tudo, que ninguém poderá dizer qual a filha, qual a mãe.
Eu assegurei, porém, que a tua sabedoria venceria a dificuldade, esclarecendo essa dúvida de todos nós.
Quieta, olhos pregados no solo, a multidão esperava ansiosa, a opinião do Mestre.
Sem uma palavra, Confúcio afastou-se alguns passos, colheu na terra agreste um punhado de relva úmida, e atirou-a ao chão, entre as duas ovelhas.
Uma baixou a cabeça, aspirou a erva, e empurrou-a, com o focinho para a outra.
Esta baixou a boca, e principiou a comer.
Silencioso e bom, o filósofo acompanhava, com os olhos, o gesto manso dos animais.
Ao fim de alguns minutos, estendeu o dedo, e indicou a ovelha que devorava o capim.
- Esta é a filha, - disse.
E alçando o dedo:
- Porque só as mães, chineses, se privam do alimento para matar a fome dos filhos!
E voltou para a campina, espantando as libélulas.
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ResponderExcluirEstá linda,a nova página do blog.
Parabéns!
Um abraço,
Sonia